segunda-feira, 10 de maio de 2010

TIC NA ESCOLA

Hoje, mais do que nunca, é inegável que ter acesso à informação significa ter acesso ao poder. É urgente que a escola desempenhe o seu papel de educar os futuros cidadãos através “duma reflexão analítica sobre a produção e a gestão da informação no mundo (CARRIER, 2000, 107). Esta prática levará a uma educação para a cidadania, que contribuirá para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática.
Com a irrupção das cadeias de informação na Internet, a informação tem cada vez mais tendência para a quantidade (versus qualidade) e para a rapidez (versus análise e reflexão). Esta situação só serve para reforçar a necessidade de práticas pedagógicas que forneçam aos alunos os elementos indispensáveis que lhes permitam compreender os atuais mecanismos da informação. As TIC na escola:

Sociais É importante que as TIC ajudem a lembrar e a pôr em prática os princípios fundadores da escola democrática: a igualdade de oportunidades, a formação crítica dos futuros cidadãos e a adaptação das crianças à sociedade, nomeadamente no que respeita a inserção profissional. O simples fornecimento de equipamento informático às escolas não contribui automaticamente para atingir este objetivo.
É necessário que o projeto político da introdução das TIC na escola encontre um consenso entre todos no processo educativo, desde os alunos aos professores e dos pais.

Pedagógicas Em primeiro lugar, cremos que deverão ser evitados dois tipos de desvio: o desvio tecnicista e o desvio produtivas. O primeiro consiste em fazer crer que a partir do momento em que a pessoa sabe utilizar uma máquina, já sabe transformá-la numa ferramenta pedagógica. O desvio produtivas consiste em acreditar que o objetivo principal é fazer produtos muito originais.Ora, a integração das TIC na escola pode ser uma boa oportunidade para redescobrir o prazer na aprendizagem, contribuindo para desenvolver ou fazer surgir o gosto de aprender. A eficácia pedagógica tem de ser construída. A escola pode (e deve) utilizar produtos multimídia que não foram concebidos a pensar na escola.

A entrada das TIC na educação pressupõe que sejam desenvolvidos, em paralelo, a formação dos professores e o aparelhamento das escolas. As prioridades da formação de professores devem procurar proporcionar, mais do que uma competência de manipulação de computadores, a capacidade de fazerem uma reflexão crítica sobre as TIC e sobre as suas possibilidades de utilização pedagógica.

As condições de integração das TIC na escola não têm de ser, obrigatoriamente, as mesmas para todas as escolas. Em algumas poderão ser integradas nas salas de aulas, a fim de serem completamente introduzidas no quotidiano curricular dos alunos; noutras, poderão ser integradas no centro de recursos educativos, na biblioteca, podendo neste caso a sua integração ser orientada por um professor responsável ou por uma equipa.

Em qualquer destes casos, ou noutro qualquer, cremos ser importante haver objetivos bem definidos. Só com uma pedagogia de projeto será eficaz esta integração das TIC na escola. Em lugar de se partir de uma aprendizagem técnica, deverá partir-se da utilização que os alunos quiserem fazer tendo em vista um determinado objetivo. É claro que este projeto educativo deve ser entendido duma forma relativa, isto é, por projeto educativo.

O importante é que a exploração das possibilidades de aprendizagem que as TIC oferecem deverá ser baseada numa análise crítica do seu significado social e cultural.

Para todos os alunos (sobretudo do básico e secundário), as práticas pedagógicas que utilizam as TIC duma forma planejada e sistemática permitem:

* o desenvolvimento de uma competência de trabalho em autonomia (fundamental ao longo da vida),

* uma prática de análise e de reflexão, confrontação, verificação, organização, seleção e estruturação, já que as informações não estão apenas numa fonte.

* a abertura ao mundo e disponibilidade para conhecer e compreender outras culturas;

* a criação de sites (em colaboração com os colegas e professores da sua ou de outras escolas), a qual vai permitir que os alunos realizem um trabalho de estruturação das suas idéias;

Além destas potencialidades, a realização de um jornal da turma (ou da escola) levará os alunos a refletirem sobre a informação, a confirmar a informação a transmitir e a pensar num público de leitores à escala mundial e já não confinada aos muros da escola (como acontecia com o tradicional jornal de escola).

Com isso o professor passa a ter um novo papel, uma eficaz integração das TIC no sistema educativo, além de uma adequada formação de professores, terá de haver uma transformação da atitude dos professores. Esta transformação vai exigir que os professores reconheçam que já não são os detentores da transmissão de saberes e aceitem que as novas gerações têm outros modos de aprendizagem, baseados em estruturas não lineares, completamente diferentes da estrutura sequencial em que assentam os saberes livrescos tradicionais. Mais do que um transmissor de saberes, o professor será um facilitador de aprendizagens, um mediador de saberes, praticando uma pedagogia activa centrada no aluno e terá um papel decisivo na construção do cidadão crítico e ativo.
As TIC só podem servir de fonte de acesso ao conhecimento se forem integradas, dentro ou fora da escola, no quadro de um projeto ou de uma metodologia. É urgente definir uma nova função da escola na sociedade atual. A questão mais importante é a de saber como vamos fazer uma educação democrática para todos ou, pelo menos, para uma maioria. Devemos construir um discurso sobre a nova função da escola na sociedade tecnológica e criar práticas novas.

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